domingo, 31 de janeiro de 2010

Na véspera da escola

Amanhã Estêvão terá seu primeiro dia de aula. Não foi assim que
idealizamos. Escola? Só depois dos quatro anos. Os motivos eram sólidos:
uma idade tão tenra, é tempo de vivenciar a família, de apreender nossos
valores, de ter o aconchego dos pais pelo máximo de tempo possível, de
não ter muitos horários nem obrigações. É tempo de respirar nossa
essência, embrenhar-se em nosso estilo, vivência integral. Um
"recolhimento do mundo" destinado a semeaduras mais sutis, sem tantas
interferências.
Minha parte "materna idealista e radical" tinha "arrepios de
indignação" quando ouvia a sugestão: coloca ele na escola... Ele vai
desenvolver tanto...
Eu me sentia quase diminuída. Como assim, ele vai "desenvolver
tanto"?
Estêvão tem praticamente dois anos e 9 meses, e se vai para a escola
é, sobretudo, porque desenvolveu demais.
Ele reconhece praticamente todas as cores e letras do alfabeto, está mais que apto a
contar até dez. Reconhece todas as letras do alfabeto e já consegue
pintar, embora saia do foco, eventualmente. Fala bastante bem, e
facilmente pode passar por uma criança maior, e não só pelo tamanho.
Olho para ele hoje, para sua segurança, para sua educação, para sua
cede de convivência com outras crianças, para seu desfralde, para seus
progressinhos e penso que fiz tudo que podia por ele, nessa fase e que,
se é verdade que agora ele está pronto para a escola, também é verdade
que ele teve, do lar, mais que o que era esperado, ordinariamente.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Educar para o Cristo

Não é raro ouvir, desabonando um gesto de carinho ou atenção
mater-paternal, a máxima, proferida com ares de grande sabedoria: vocês
estão educando seus filhos para o mundo.
Bem, eu não estou. Vocês não precisam de mãe para isso. O mundo é
professor suficientemente capacitado para lhes ensinar a fingir o que
não são, a mentir por compulsão, medo ou conveniência, a "serem
espertos" para terem vantagens, a tripudiar para serem valorizados. A
chantagear para serem satisfeitos, a subornar para angariar simpatias,
a acreditar que, se não forem descobertos, não existe nenhum problema.
A fingir que não viu para não se comprometerem, a acharem injustiça
apenas o que os tocar diretamente, a humilhar porque "têm o direito", a
achar comum serem meros objetos no amor e demais relações afetivas.
Eu não os educo para o mundo. Isso seria renegar minhas funções
maternais, do modo como as vejo. Eu os educo para estarem imersos nessa
cultura,
mas saberem que existe outras respostas, além das padronizadas. Quero
os ajudar a ter alguma consciência social. Quero ajudá-los a serem fiéis
as suas causas, sem se preocupar se outros estão reparando. Quero lhes
dizer que o respeito é merecido a toda e qualquer coisa viva sobre a
Terra. Quero lhes dizer que, para além do condicionamento e das
máscaras, existe a educação e a transparência. Quero lhes dizer que
encontrarão o sofrimento, para onde quer que direcionem os passos, mas
gostaria que ao menos sofressem por causas que valham a pena.
Eu me nego a educá-los para o mundo. Pretendo educá-los para o
Cristo. E então, façam o que quiserem, vão aonde precisarem, pois terão,

inscritos na alma, o mapa e o caminho de volta.
Eu não posso esperar fazer diferença para o mundo, mas é meu dever
fazer a diferença para vocês.
Valores de minoria, ideais de exceção - é só nisso que acredito.

Que Deus nos abençoe, amores...


"Olhe pelos filhos que te confiei
Em teus braços buscarão o meu convívio."