domingo, 15 de janeiro de 2012

Pensamentos

Pensem na morte. Nem sempre. Nem todos os dias. Não flertem com ela, que
isso ´mórbido. Mas considerem-na. Morrer faz parte da vida. Não é o
desejado, mas é o que acontece, quando nosso tempo expira, nós
expiramos. Nunca se sabe como. Não se iludam. A estabilidade não é mais
que uma flagorosa ignorância dos riscos do próximo minuto. Portanto, não
tenham a ilusão de viver sem riscos. Cultivem, isso sim, a esperança de
viver com significado, que isso é o que vale a pena. Vivam de tal modo
que seus riscos valham a pena. Existam de tal modo que o próximo minuto,
caso seja o fatal, não os pegue com tudo por fazer. A palavvra
expectante, o carinho desejado, o abraço por dar, nãoo procrastinem.
Tudo passa, menos as construções da alma, da força, do instinto, do
esforço e do ideal. Yodas as coisas que temos na terra - dinheiro,
posses, oportunidades - nos são dadas de molde a facilitar as primeiras
coisas da proposição. Portanto, sejam espertos e não confundam, como
tanta gente, meios com fins. Isso faz parte de pensar objetivamente na
morte. É seu o que você pode levar. Esse é o seu fim. Tudo o mais é
meio, é preciso repetir uma vez mais. E quando forem chamados à próxima
viagem, que tenham tido a coragem de ver a vida como ela reamente é. Que
tenham aprendido, vivido, sofrido, superado, resistido, enfrentado, que
o resto é brisa....

quarta-feira, 13 de abril de 2011

[estêvão] [Mariles] Dormindo junto

Deitamos juntos agora. Na cama de casal, nós três esperamos o sono. Kevo
pede ou conta histórias bem baixinho, enquanto Mariles chupa seu dedo e
faz carinho em nós dois. Normalmente o Kevo vai primeiro e, logo depois,
Mariles adormece.
Não raras vezes, é o melhor momento do meu dia. Tão perfeito, tão
simples, tão irretocável, tão íntimo!
HOje deu pena:
- Mamãe, quero ficar perto da senhora...
o problema é que, na noite anterior, eu permiti e Mariles caiu da
cama.
- Não pode, querido. Mariles é pequena, a gente tem que cercar ela.
- Mas, mamãe, eu queria tanto!...

Quero registrar isso. Quero registrar hoje. Quero escrever nós.
Quero que vocês nos vejam agora. Preciso que vocês se lembrem disso, de
terem sido tão incondicionalmente amados e de terem me dado tanta
felicidade...

- Mamãe, por que a senhora gosta tanto de mim?
- Porque eu sou sua mãe.
- Ah, que bom... Eu também gosto muito, muito, muito da senhora,
todos os dias.

E volto à frase:

<br>
Através da imundície e da chuva, através
das lágrimas e através da dor, minha vida não foi em vão; EU TENHO UM FILHO.

<br>

NO caso são dois, mas o sentido permanece intacto.

Meu sol e minha brisa, minha força e minha ternura, eu simplesmente
sou incapaz de agradecer suficiente o simples fato de vocês existirem.
Obrigada. HOje e sempre. Por tudo e por nada. Por cada hora e por cada
segundo. Obrigada por, às vezes, ser tão difícil, que isso torna nossa
experiência ainda mais prenha de luz e oportunidade de crescimento
recíproco.


<object width="480" height="390"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/_v75eIDtbZM?fs=1&amp;hl=pt_BR&amp;rel=0"></param><param name="allowFullScreen"
value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/_v75eIDtbZM?fs=1&amp;hl=pt_BR&amp;rel=0" type="application/x-shockw
ave-flash"
allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="390"></embed></object>

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

E por falar em ternura...

Kevo vem e me abraça: eu te dei um abraço.. Dá o segundo, o terceiro e o
quarto, enumerando-os. Depois faz o mesmo com os beijos, terminando por
me fazer carinho no rosto com as poontas dos dedos, ao som de "muito,
muito calinho".
- NOssa, por que eu estou ganhando tudo isso?
- Porque a senhora gosta...

***

Mariles está chorando. Kevo vem e lhe dá uma bolinha. Ela para de
chorar. EWle diz:
- Eu fiz Maliles feliz! Ela tava cholando, eu dei uma bolinha pa ela
e ela ficou feliz!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Curiosidade

Hoje é o único dia em que o Kevo tem precisamente o triplo da idade da mariles.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

para estevao e mariles

Houve um tempo em que eu me sentia muito infeliz e muito frustrada.
Chorava muito, reclamava mais ainda. Atirava contra os julgamentos e as
incompreensões das pessoas em relação a mim. Ficava descabelada com a
falta de respeito e com as decepções. Colecionava quadros, diálogos e
tristezas sobre isso. Sentia-me mesmo injustiçada e incompreendida.
Hoje eu não me sinto mais assim. Não é que o contexto ao meu redor tenha
mudado; fui eu quem mudou. Não mudei tanto, talvez. Apenas deixei de
esperar compreensão e de esperar aprovação para seguir meu caminho.
A compreensão é um luxo do qual muito poucos gozam - pense só em
quantas pessoas você compreende, pra começar - e a minha missão não é
ser aprovada, mas viver em paz com minha consciência.
Eu não quero uma vida fácil, eu não quero uma vida segura, eu não
quero uma vida lucrativa; eu quero uma vida pela qual valha a pena
morrer; eu quero uma vida qualitativa; eu quero uma vida que me permita
me encarar no espelho de mim mesma. Acreditem, é muito. Demais.
Normalmente estou aquém de minhas expectativas. Comumente me reprocho
tanto, que mal consigo olhar para mim. Tudo isso é árduo demais para que
eu possa me dedicar a colecionar quantos não compreendem o que estou
fazendo.
Antes eu sonhava com o reconhecimento. Que as pessoas me dissessem
que eu era uma boa esposa e mãe. A minha auto-estima era tão ruim, que
eu precisava disso como um aval que me fortalecesse para continuar
seguindo.
Agora eu sei que a maioria não vê aonde eu estou. Não me refiro à
escalas de melhor ou pior, mas de conseguir ver, mesmo. As pessoas não
entendem porque o Kevo não toma refrigerantes; não entende porque
Mariles não come chocolate, mas ainda mama. Não entendem porque ela
nasceu em casa. Não entendem porque ela ainda não está em uma escolinha.
Não entendem porque o Kevo não tem permissão para ver televisão aberta;
não entendem porque ele já tem que guardar seus brinquedos, pôr o prato
das refeições na pia e a roupa suja no cesto. Não entendem porque
Mariles ainda anda de sling.
E eu não espero que elas entendam. Penso que o caminho que escolhi é
meio isolado mesmo. Só espero que, ao final, vocês entendam. Vocês me
vejam e entrevejam, pelo menos, o rosário apaixonado de boas intenções
que instigou cada posicionamento. E se não entenderem, que me possam
perdoar. E se eu não contar com seu perdão e descubrir que estive errada
todo esse tempo, que eu possa ao menos me sentir em paz por ter seguido
meus instintos.
Hoje eu vejo que minha infelicidade de outrora não era pelo que os
outros faziam, mas pelo poder que eu permitia que as atitudes dos outros
tivessem sobre mim. Eu simplesmente permitia que pessoas às quais não
respeitavam ditassem minha conduta em muitos aspectos que apenas a mim
pertenciam.
Diziam que o Estêvão precisava de leite artificial e eu dava; que
ele precisava de menos colo e eu colocava no carrinho; que eu não seria
suficientemente boa para o educar e eu chorava, infeliz por meus medos
terem sido expostos sem tato algum. Agora, não. Eu sei aonde ir e
estamos seguindo, seu pai e eu. Quanto aos demais, eles podem falar,
afinal, vivemos em um país livre. Mas eles não esperam mais que suas
palavras sejam sentenças; nem eu que elas sejam mapas.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Confissão de humanidade

Quando eu era pequena, sempre pensei que minha mãe sabia de tudo.
Tudo, mesmo. Ela sabia a resposta a todos os meus porquês, podia mesmo
ler meus pensamentos mais secretos. Minha mãe era capaz de prever o que
me magoaria, mesmo antes de começar. Eu estava convicta, além de tudo,
que ela sempre sabia o que fazer comigo. "Hesitação" não podia ser amiga de
minha mãe. Certamente, com a experiência insondável que tinha, ela via e
compreendia todas as coisas, desde a costura de roupas de bonecas, até
dedos rachados.
Não sei em que momento essa máscara caiu, só sei que foi bem melhor
assim. Hoje, profissionais da saúde mental aconselham-nos a que deixemos
nossos filhos ver nossa humanidade, sobretudo, nossas dúvidas. Bem, eu
tento isso. Não sei se estou fazendo direito, mas, enquanto não fica
claro, gostaria de confessar que é maior o número das coisas que ignoro
que o daquelas sobre as quais tenho algum vislumbre.
Eu não sei o ponto exato em que a presença vira sufocamento e em que o
"dar espaço" se encontra com a negligência. Por isso eu tento
observá-los, suas reações, suas respostas, afim de que me deêm uma
pista. E, quase sempre, vocês dão, permitindo-me fazer os ajustes que
sejam necessários. Ainda assim, eu me questiono. Não uma, mas
incontáveis vezes.
Apesar disso, tento parecer segura. Tento ser aquela com quem vocês
podem contar, apesar das minhas limitações diversas. Eu realmente tento
ser estável, presente, sensível e amorosa, mas o maior desafio de amar
intensamente é admitir que, apesar da imensidão e sublimidade do
sentimento que nos toma, continuamos sendo apenas nós mesmos. O amor nos
fortalece para que sigamos o caminho de evolução e crescimento que nos
compete, mas não nos exime do dever de prosseguir na caminhada.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Na véspera da escola

Amanhã Estêvão terá seu primeiro dia de aula. Não foi assim que
idealizamos. Escola? Só depois dos quatro anos. Os motivos eram sólidos:
uma idade tão tenra, é tempo de vivenciar a família, de apreender nossos
valores, de ter o aconchego dos pais pelo máximo de tempo possível, de
não ter muitos horários nem obrigações. É tempo de respirar nossa
essência, embrenhar-se em nosso estilo, vivência integral. Um
"recolhimento do mundo" destinado a semeaduras mais sutis, sem tantas
interferências.
Minha parte "materna idealista e radical" tinha "arrepios de
indignação" quando ouvia a sugestão: coloca ele na escola... Ele vai
desenvolver tanto...
Eu me sentia quase diminuída. Como assim, ele vai "desenvolver
tanto"?
Estêvão tem praticamente dois anos e 9 meses, e se vai para a escola
é, sobretudo, porque desenvolveu demais.
Ele reconhece praticamente todas as cores e letras do alfabeto, está mais que apto a
contar até dez. Reconhece todas as letras do alfabeto e já consegue
pintar, embora saia do foco, eventualmente. Fala bastante bem, e
facilmente pode passar por uma criança maior, e não só pelo tamanho.
Olho para ele hoje, para sua segurança, para sua educação, para sua
cede de convivência com outras crianças, para seu desfralde, para seus
progressinhos e penso que fiz tudo que podia por ele, nessa fase e que,
se é verdade que agora ele está pronto para a escola, também é verdade
que ele teve, do lar, mais que o que era esperado, ordinariamente.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Educar para o Cristo

Não é raro ouvir, desabonando um gesto de carinho ou atenção
mater-paternal, a máxima, proferida com ares de grande sabedoria: vocês
estão educando seus filhos para o mundo.
Bem, eu não estou. Vocês não precisam de mãe para isso. O mundo é
professor suficientemente capacitado para lhes ensinar a fingir o que
não são, a mentir por compulsão, medo ou conveniência, a "serem
espertos" para terem vantagens, a tripudiar para serem valorizados. A
chantagear para serem satisfeitos, a subornar para angariar simpatias,
a acreditar que, se não forem descobertos, não existe nenhum problema.
A fingir que não viu para não se comprometerem, a acharem injustiça
apenas o que os tocar diretamente, a humilhar porque "têm o direito", a
achar comum serem meros objetos no amor e demais relações afetivas.
Eu não os educo para o mundo. Isso seria renegar minhas funções
maternais, do modo como as vejo. Eu os educo para estarem imersos nessa
cultura,
mas saberem que existe outras respostas, além das padronizadas. Quero
os ajudar a ter alguma consciência social. Quero ajudá-los a serem fiéis
as suas causas, sem se preocupar se outros estão reparando. Quero lhes
dizer que o respeito é merecido a toda e qualquer coisa viva sobre a
Terra. Quero lhes dizer que, para além do condicionamento e das
máscaras, existe a educação e a transparência. Quero lhes dizer que
encontrarão o sofrimento, para onde quer que direcionem os passos, mas
gostaria que ao menos sofressem por causas que valham a pena.
Eu me nego a educá-los para o mundo. Pretendo educá-los para o
Cristo. E então, façam o que quiserem, vão aonde precisarem, pois terão,

inscritos na alma, o mapa e o caminho de volta.
Eu não posso esperar fazer diferença para o mundo, mas é meu dever
fazer a diferença para vocês.
Valores de minoria, ideais de exceção - é só nisso que acredito.

Que Deus nos abençoe, amores...


"Olhe pelos filhos que te confiei
Em teus braços buscarão o meu convívio."

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Agosto termina

Agosto termina, e você logo fará dois meses, embora todos digam que
parece já ter tr^três. Sua vida até aqui é um rio sem obstáculos, a
menos que você conte os episódios de cólicas.
Agora todos te chamamos de kikikikimisilinha, resultado de uma
"musiquinha" que seu pai um dia te fez.
Os dias têm sido agitados e cansativos, mas essencialmente tão, tão
felizes... Estamos nos integrando como família de quatro, lenta, mas
notavelmente.
Os pensamentos mais doces vem e vão sem que tenha chance de
escrevê-los aqui. Só quero deixar registrado que você nasceu, e está
conosco, e está saldável e bem, e gorduchinha e feliz.,